O paradigma do processamento de sobrevivência de Nairne, Thompson e Pandeirada (2007), que consiste na apresentação de duas listas de palavras que são estudadas com referência a um cenário de sobrevivência e a um outro cenário de controlo, conta já com inúmeras investigações que creditam a robustez do seu efeito, i.e., a obtenção de níveis elevados de evocação comparativamente com outros tipos de processamento de informação profundos. O nosso sistema mnésico não compreende apenas a retenção de informação; ele permite-nos também que esqueçamos. O paradigma da diversão (Delaney, Sahakyan, Kelley, & Zimmerman, 2010) refere-se a uma tarefa laboratorial em que a aprendizagem de duas listas de palavras é intercalada por uma de duas tarefas: indução de pensamento diversivo ou uma atividade que não envolva este tipo de pensamento. O resultado observado consiste num menor desempenho na evocação das palavras da lista 1 na condição pensamento diversivo, comparativamente com o desempenho mnésico observado na condição controlo.No presente estudo analisou-se se um pensamento diversivo (a recordação da casa de infância) afetaria a recuperação mnésica numa amostra de adultos idosos, quando estes foram instruídos para recorrer a modos de processamento da informação considerados muito poderosos: processamento de sobrevivência e processamento de agradabilidade. A amostra foi constituída por 64 adultos idosos saudáveis, não institucionalizados, com idades compreendidas entre os 65 e os 74 anos, distribuídos equitativamente por dois grupos: grupo experimental / condição de pensamento diversivo (N = 32) e grupo de controlo (N = 32). Além dos paradigmas da diversão e do processamento de sobrevivência, foram ainda administradas as seguintes provas de avaliação neuropsicológica, com o objetivo de excluir participantes com alterações não normativas: Avaliação Cognitiva de Addenbrooke – versão revista, Trail Making Test A e B, Código (WAIS – III), Vocabulário (WAIS – III) e Escala de Depressão Geriátrica. Adicionalmente, aplicou-se o Teste de Associação Visual. Os resultados deste estudo corroboram a robustez do efeito de sobrevivência, mas não se verificou um efeito amnésico do devaneio. Deste modo, poderáconcluir-se que o processamento de sobrevivência será um dos mais eficazes, senão o mais eficaz, entre os tipos de processamento de informação atualmente conhecidos.
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