Foi Raymond Williams, como se sabe, quem inventou o termo “materialismo cultural”, uma express?o que tomo como sinal, entre outras coisas, de que ele era e n?o era marxista. Por um lado, como os marxistas, ele era filosoficamente um materialista, uma afirma??o que n?o deveria ser entendida como significando que ele gostava de possuir bens materiais. Pelo contrário, ele vivia um tipo de existência bastante austera e, às vezes, parecia estranhamente relutante em acender a luz na sala de estar de sua cabana, de modo que se acabava falando com ele na penumbra como se estivesse participando de uma sess?o espírita. Nunca o vi beber mais do que meio litro de bitter de cada vez, e ele ficou um pouco alarmado quando os outros ao seu redor o fizeram (muitas vezes dei motivos para alarmá-lo a esse respeito). Talvez houvesse alguma memória das origens na cultura de capela galesa em a??o aqui. O “materialismo” também n?o deve significar que ele n?o acreditava nos assim chamados valores espirituais – o trabalho de toda a sua vida foi sobre eles –, apenas que ele via esses valores trabalhando em contextos sociais e históricos. A discuss?o é sobre o que entendemos por valores espirituais, n?o se eles existem. Nesse sentido, assemelha-se à discuss?o sobre literatura, n?o à discuss?o sobre OVNIs.
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