Este artigo procura discutir os efeitos de políticas de austeridade fiscal sobre a trajetória da economia no longo prazo a partir de uma perspectiva pós-keynesiana. Toma como pontos de partida o papel da demanda agregada na determina??o do produto no curto e longo prazo e a importancia da política fiscal como instrumento de estabiliza??o do produto. O artigo utiliza como elementos teóricos o conceito de corredor de estabilidade adaptado por Cardim de Carvalho (2016) e o modelo de equilíbrio móvel de Keynes, tal como apresentado por Kregel (1976). Argumenta-se que choques adversos sobre o produto, seguidos de políticas restritivas que prolongam a recess?o, impactam a propens?o a consumir, a preferência pela liquidez e a eficiência marginal do capital, gerando uma nova trajetória de longo prazo para a economia. N?o apenas a profundidade da crise, mas também sua dura??o importa para a possibilidade de o sistema absorver os choques e retornar à sua trajetória anterior de crescimento. Recess?es longas levam a uma nova trajetória reconhecida como “normal”, em torno da qual um novo corredor de estabilidade se estabelece.
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